O Halloween no Brasil é chamado de Dia das Bruxas. Sua celebração acontece no dia 31 de outubro. Acredita-se que na passagem dessa noite as almas saem de seus túmulos e partem pelas ruas amedrontando todos aqueles que estão por perto.
Muitos nacionalistas dão créditos à influência do imperialismo cultural americano a vinda do Halloween assim, alguns brasileiros, localizados em São Luiz do Paraitinga, cidade paulista, decretaram o dia 31 de outubro como o dia oficial do Saci Pererê em protesto à inclusão do Halloween. A maioria das manifestações critica a posição dos brasileiros em importar a cultura americana, já que o país tem grande diversidade folclórica que não é aproveitada e comemorada.
SOBRE O HALLOWEEN....
O Dia das Bruxas (Halloween -lido Ralouín- é
o nome original na língua inglesa) é um evento tradicional e cultural, que
ocorre basicamente em países anglo-saxônicos, mas com especial relevância nos Estados
Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e
origem as celebrações de antigos povos (não existem referências de onde
surgiram essas celebrações).
Posto que, entre o pôr do sol do dia 31 de outubro e 1° de
novembro, ocorria a noite sagrada (hallow evening, em inglês), acredita-se que
assim se deu origem ao nome atual da festa: Hallow Evening → Hallowe'en → Halloween.
O termo "Dia das bruxas" não é utilizado pelos povos de língua
inglesa, sendo essa uma designação apenas dos povos de língua (oficial)
portuguesa.
Outra hipótese é que a Igreja Católica tenha
tentado eliminar a festa pagã do Samhain instituindo restrições na véspera do Dia
de Todos os Santos. Este dia seria conhecido nos países de língua inglesa como All
Hallows' Eve.
A relação da comemoração desta data com as bruxas
propriamente ditas teria começado na Idade Média, durante as
perseguições incitadas por líderes políticos e religiosos, sendo conduzidos
julgamentos pela Inquisição, com o intuito de condenar os homens ou
mulheres que fossem considerados curandeiros e/ou pagãos. Todos os que fossem
alvo de tal suspeita eram designados como bruxos ou bruxas, com elevado sentido
negativo e pejorativo, devendo ser julgados pelo tribunal do Santo Ofício e, na
maioria das vezes, queimados na fogueira nos designados autos-de-fé.
Essa designação se perpetuou e a comemoração do Halloween
levada até aos Estados Unidos pelos emigrantes irlandeses (povo de etnia e
cultura celta) no século XIX, ficou assim conhecida como "dia das
bruxas", uma lenda histórica.
A origem do halloween remonta às tradições dos
povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre
os anos 600 a.C. e 800 d.C., embora com marcadas diferenças em
relação às atuais abóboras ou da famosa frase "Gostosuras ou
travessuras", exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a
comemoração. Originalmente, o halloween não tinha relação com bruxas. Era
um festival do calendário celta da Irlanda, o festival
de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e
marcava o fim do verão (samhain significa
literalmente "fim do verão").
A celebração do Halloween tem duas origens que no transcurso
da História foram se misturando:
Origem Pagã
A origem pagã tem a ver com a celebração celta chamada Samhain, que
tinha como objetivo dar culto aos mortos. A invasão das Ilhas Britânicas pelos
Romanos (46 a.C.) acabou mesclando a cultura latina com a celta, sendo que esta
última acabou minguando com o tempo. Em fins do século II, com a evangelização
desses territórios, a religião dos Celtas, chamada druidismo, já tinha
desaparecido na maioria das comunidades. Pouco se sabe sobre a religião dos
druidas, pois não se escreveu nada sobre ela: tudo era transmitido oralmente de
geração para geração. Sabe-se que as festividades do Samhain eram
celebradas muito possivelmente entre os dias 5 e 7 de novembro (a meio caminho
entre o solstício de verão e o solstício de inverno). Eram precedidas por uma
série de festejos que duravam uma semana, e davam no ano novo celta. A "festa
dos mortos" era uma das suas datas mais importantes, pois celebrava o
que para nós seria "o céu e a terra" (conceitos que só
chegaram com o cristianismo). Para os celtas, o lugar dos mortos era um
lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. A festa era
celebrada com ritos presididos pelos sacerdotes druidas, que atuavam como
"médiuns" entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também
que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares
e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.
Origem Católica
Desde o século IV a Igreja da Síria consagrava um dia para
festejar "Todos os Mártires". Três séculos mais tarde o Papa
Bonifácio IV († 615) transformou um templo romano dedicado a todos os
deuses (Panteão) num templo cristão e o dedicou a "Todos os
Santos", a todos os que nos precederam na fé. A festa em honra de Todos
os Santos, inicialmente era celebrada no dia 13 de maio, mas o Papa
Gregório III († 741) mudou a data para 1º de novembro, que era o dia da
dedicação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro, em Roma. Mais
tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos
os Santos fosse celebrada universalmente. Como festa grande, esta também ganhou
a sua celebração vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31
de outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All
Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All
Hallowed Eve e "All Hallow Een" até chegar à palavra
atual "Halloween".
Atualmente
Entre os elementos acrescidos temos, por exemplo, o costume
dos "disfarces", muito possivelmente nascido na França entre os
séculos XIV e XV. Nessa época a Europa foi flagelada pela Peste Negra, e a
peste bubônica dizimou perto da metade da população do Continente, criando
entre os católicos um grande temor e preocupação com a morte. Multiplicaram- se
as Missas na festa dos Fiéis Defuntos e nasceram muitas representações
artísticas que recordavam às pessoas a sua própria mortalidade, algumas dessas
representações eram conhecidas como danças da morte ou danças macabras.
Alguns fiéis, dotados de um espírito mais burlesco,
costumavam adornar na véspera da festa de finados as paredes dos cemitérios com
imagens do diabo puxando uma fila de pessoas para a tumba: papas, reis, damas,
cavaleiros, monges, camponeses, leprosos, etc. (afinal, a morte não respeita
ninguém). Também eram feitas representações cênicas, com pessoas disfarçadas de
personalidades famosas e personificando inclusive a morte, à qual todos
deveriam chegar.
Possivelmente, a tradição de pedir um doce, sob ameaça de fazer
uma travessura (trick or treat, "doce ou travessura"), teve origem na
Inglaterra, no período da perseguição protestante contra os católicos
(1500-1700). Nesse período, os católicos ingleses foram privados dos seus
direitos legais e não podiam exercer nenhum cargo público. Além disso, foram
lhes infligidas multas, altos impostos e até mesmo a prisão. Celebrar a missa
era passível da pena capital e centenas de sacerdotes foram martirizados.
Produto dessa perseguição foi a tentativa de atentado contra o rei protestante
Jorge I. O plano, conhecido como Gunpowder Plot ("Conspiração da
pólvora"), era fazer explodir o Parlamento, matando o rei, e assim dar
início a um levante dos católicos oprimidos. A trama foi descoberta em 5 de
novembro de 1605, quando um católico confesso chamado Guy Fawkes foi apanhado
guardando pólvora na sua casa, tendo sido enforcado logo em seguida. Em pouco
tempo a data converteu-se numa grande festa na Inglaterra (que perdura até
hoje): muitos protestantes a celebravam usando máscaras e visitando as casas
dos católicos para exigir deles cerveja e pastéis, dizendo-lhes: trick or treat
(doce ou travessuras). Mais tarde, a comemoração do dia de Guy Fawkes chegou à
América trazida pelos primeiros colonos, que a transferiram para o dia 31 de
outubro, unindo-a com a festa do Halloween, que havia sido introduzida no país
pelos imigrantes irlandeses. Portanto, a
atual festa do Halloween é produto da mescla de muitas tradições, trazidas
pelos colonos no século XVIII para os Estados Unidos e ali integradas de modo
peculiar na sua cultura. Muitas delas já foram esquecidas na Europa, onde hoje,
por colonização cultural dos Estados Unidos, aparece o Halloween enquanto
desaparecem as tradições locais.
Novos elementos do Halloween
A celebração do 31 de Outubro, muito possivelmente em
virtude da sua origem como festa dos druidas, vem sendo ultimamente promovida
por diversos grupos neo-pagãos, e em alguns casos assume o caráter de
celebração ocultista. Hollywood fornece vários filmes, entre os quais se
destaca a série Halloween, na qual a violência plástica e os assassinatos
acabam por criar no espectador um estado de angústia e ansiedade. Muitos desses
filmes, apesar das restrições de exibição, acabam sendo vistos por crianças,
gerando nelas o medo e uma idéia errônea da realidade. Porém, não existe
ligação dessa festa com o mal. Na celebração atual do Halloween, nota-se a
presença de muitos elementos ligados ao folclore em torno da bruxaria. As
fantasias, enfeites e outros itens comercializados por ocasião dessa festa
estão repletos de bruxas, gatos pretos, vampiros, fantasmas e monstros, no
entanto isso não reflete a realidade pagã.
Nota:
A lanterna vegetal chamada de "Jack-o'-lantern"
em inglês, em Portugal chama-se coca e no Brasil existe um personagem
de folclore chamado Cuca. Em Portugal, a Abóbora do Dia das Bruxas é uma tradição
ancestral.
Coca: papão; abóbora vazia (ou panela) com buracos
representativos dos olhos e da boca com uma luz dentro, para meter medo à
noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário